CAPÍTULO DOIS
Seguro de si
Here I am down on my knees again
Surrendering all.
Aqui estou de joelhos outra vez
Entregando tudo.
— “I Surrender”, Hillsong Music, 2012
Gosto das manhãs emminha casa em Sydney quando tenho tempo de
sobra para me levantar e fazer coisas. Quando acordo nesses dias, geral-
mente é bastante cedo, de modo que procuro andar no escuro na vã ten-
tativa de não acordar Bobbie. Com cara de sono e ainda não vendo com
clareza, minha rotina é tão conhecida que não tenho de pensar. Encontro
minha camiseta Nike, o calção de basquete, o tênis de corrida e meu velho
boné favorito (assim não preciso pentear o cabelo). Ainda que os outros
itens possam ter sido confiscados pela minha esposa para pôr no cesto de
roupa, uso o mesmo boné todos os dias.
Depois de me vestir, escapulo pela porta para tomar o primeiro café
da manhã na cafeteria Tuck, a poucos quarteirões de casa. O ar ainda está
frio antes de o sol arder pelo céu australiano. Junto com um punhado
de outros madrugadores, chego à cafeteria e me sento em uma pequena
mesa de canto, dou um gole em meu café e medito sobre o dia.
Essas manhãs de preparação lentas e caseiras são as minhas preferidas,
porque posso usar minhas roupas favoritas e mais confortáveis. É engra-
çado, porque se me deparo com alguém que conheço, a pessoa pergunta:
— Esteve se exercitando? — Ou:
— Estava boa a corrida?
Então, tenho de confessar:
— Não, eram as roupas mais fáceis de vestir!
Mas minhas roupas me motivam de vez em quando a fazer uma cor-
rida (muito lenta) pelo bairro – onde há vida, há esperança – antes de to-