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20

Viva Ame Lidere

se descontraíam com os amigos, meu irmão mais velho e eu notamos

um pequeno barco a remos na cabana ao lado da nossa e não resistimos

em “tomá-lo emprestado”. Veja bem, esse lago era fundo, e desde en-

tão eu pude compreender que era evidente ter ali mudanças climáticas

repentinas e correntezas imprevistas. Tínhamos acabado de chegar ao

outro lado quando as coisas começaram a ficar sinistras, sem falar que

estávamos a meio caminho da volta quando as nuvens de tempestade

vieram de montão.

Conforme o vento aumentava e a correnteza ficava mais forte, come-

çamos a remar com mais força, embora a cabana nunca parecesse ficar

mais perto. Nossos braços começaram a ficar cansados, até que o impen-

sável aconteceu: perdi meu remo.

—E agora?! O que é que nós vamos fazer?! —gritei para o meu irmão.

—Vai buscar! — gritou de volta por cima do assobio agudo do vento.

Ele era apenas dois anos mais velho do que eu, e minhas opções eram

poucas, então pulei na água.

Grande erro.

Alcançar o remo foi relativamente fácil. Mas com a correnteza me

empurrando para longe do barco e um remo na mão, meus braços esta-

vam cansados de remar, e aquela chuva forte que ardia fria no meu rosto.

Comecei a perder o fôlego.

Vi, então, meu irmão nadando em minha direção. Ele era tão louco

quanto eu! Pelo menos, ele veio me buscar, talvez se sentindo responsável

(ou então culpado) por ter me mandado entrar na água. Enquanto nada-

va cada vez mais perto de mim, eu me perguntava como ele ia nos salvar.

A correnteza não nos puxaria para baixo?

Mas meu irmão tinha um truque na manga – literalmente. Ele amar-

rara a corda do barco em seu braço. Então, ele me agarrou e começamos

a puxar a corda, arrastando o barco cada vez mais perto até podermos

entrar nele de volta.

No momento em que chegamos de volta à costa para enfrentar o

castigo de nossos pais, a tempestade já havia desaparecido, e eu ganhara

um novo respeito por aquilo que Pedro e os outros discípulos devem ter

enfrentado nas águas naquela noite.

Não consigo imaginar andar sobre a superfície em constante mudan-

ça. Já é impossível se a superfície do lago estivesse calma. Mas em uma

tempestade? Além do impossível. A menos que você tenha fé. O tipo