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Viva Ame Lidere
se descontraíam com os amigos, meu irmão mais velho e eu notamos
um pequeno barco a remos na cabana ao lado da nossa e não resistimos
em “tomá-lo emprestado”. Veja bem, esse lago era fundo, e desde en-
tão eu pude compreender que era evidente ter ali mudanças climáticas
repentinas e correntezas imprevistas. Tínhamos acabado de chegar ao
outro lado quando as coisas começaram a ficar sinistras, sem falar que
estávamos a meio caminho da volta quando as nuvens de tempestade
vieram de montão.
Conforme o vento aumentava e a correnteza ficava mais forte, come-
çamos a remar com mais força, embora a cabana nunca parecesse ficar
mais perto. Nossos braços começaram a ficar cansados, até que o impen-
sável aconteceu: perdi meu remo.
—E agora?! O que é que nós vamos fazer?! —gritei para o meu irmão.
—Vai buscar! — gritou de volta por cima do assobio agudo do vento.
Ele era apenas dois anos mais velho do que eu, e minhas opções eram
poucas, então pulei na água.
Grande erro.
Alcançar o remo foi relativamente fácil. Mas com a correnteza me
empurrando para longe do barco e um remo na mão, meus braços esta-
vam cansados de remar, e aquela chuva forte que ardia fria no meu rosto.
Comecei a perder o fôlego.
Vi, então, meu irmão nadando em minha direção. Ele era tão louco
quanto eu! Pelo menos, ele veio me buscar, talvez se sentindo responsável
(ou então culpado) por ter me mandado entrar na água. Enquanto nada-
va cada vez mais perto de mim, eu me perguntava como ele ia nos salvar.
A correnteza não nos puxaria para baixo?
Mas meu irmão tinha um truque na manga – literalmente. Ele amar-
rara a corda do barco em seu braço. Então, ele me agarrou e começamos
a puxar a corda, arrastando o barco cada vez mais perto até podermos
entrar nele de volta.
No momento em que chegamos de volta à costa para enfrentar o
castigo de nossos pais, a tempestade já havia desaparecido, e eu ganhara
um novo respeito por aquilo que Pedro e os outros discípulos devem ter
enfrentado nas águas naquela noite.
Não consigo imaginar andar sobre a superfície em constante mudan-
ça. Já é impossível se a superfície do lago estivesse calma. Mas em uma
tempestade? Além do impossível. A menos que você tenha fé. O tipo